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CONCLUSÕES (PDF)

CONCLUSÕES  TEASER (PDF)

 

A 3ª Conferência do GT-SIM iniciou-se com uma justa homenagem a Maria José Moura (1937-2018) figura maior no contexto das bibliotecas e das ciências da informação em Portugal. Ana Paula Gordo fez uma breve invocação da sua carreira, salientando a sua ação no desenvolvimento e modernização da profissão. O seu empenho no associativismo profissional é responsável pela fundação da Associação Portuguesa de de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas (BAD) e pela intensa valorização da dinâmica associativa, incluindo a sua projeção internacional, que conduziu ao longo de toda a sua vida. Se enquanto cidadãos lhe devemos tudo o que a leitura pública nos trouxe, enquanto profissionais não podemos deixar de lembrar esta faceta da sua ação. Maria José Moura está também intimamente ligada à criação do GT-SIM, grupo que impulsionou e acarinhou sempre dentro da estrutura da BAD.

 

O programa de trabalhos foi estruturado em três painéis contou com um conjunto de nove intervenções subordinadas aos temas em reflexão nesta 3ª Conferência: o trabalho em rede, numa colaboração participativa entre profissionais de informação; a existência e aplicação de legislação ou instrumentos normativos que valorizem, qualifiquem e suportem as práticas profissionais relacionadas com a gestão da informação nos museus; e a utilização da tecnologia digital, com a qual os recursos de informação encontram novas formas de existência e novas potencialidades no que diz respeito ao seu tratamento, divulgação e acesso.

 

No 1º painel, moderado por Ana Paula Gordo, tivemos as apresentações de Patrícia Costa que nos apresentou o Sistema de Gestão da Qualidade aplicado ao Museu do ISEP e de que forma é que este foi implementado ao nível da sua atividade através da sistematização do processo, onde estão indicadas as entradas (inputs), atividades, as saídas (outputs), objetivos, procedimentos/documentos aplicáveis, atividades e a monitorização/medição através de vários indicadores. Maria José de Almeida deu-nos a conhecer alguns recursos e ferramentas que poderão ser utilizados para a normalização e avaliação na gestão de informação nas instituições de memória, esperando contribuir para a melhoria das boas práticas no sentido do cumprimento dos princípios FAIR (findability, accessibility, interoperability, and reusability).

 

O 2º painel, ainda durante a manhã e moderado por Alexandra Oliveira, contou com as apresentações de Fernanda Torquato e de Sandra Alves que nos falaram do trabalho em rede desenvolvido na Rede de Bibliotecas da DGPC e nos Museus Municipais de Viseu. A primeira intervenção trouxe-nos um retrato do que é a Rede de Bibliotecas da DGPC e dos seus elementos agregadores no que diz respeito ao sistema de informação em utilização, à uniformização de procedimentos técnicos e à acessibilidade e comunicação como ponto de acesso comum a uma importante rede de recursos sobre o património. Sandra Alves apresentou-nos a Rede de Museus Municipais de Viseu e da importância da colaboração entre profissionais e da existência de pontos comuns tais como a programação, o sistema de informação (com a utilização de software comum) e os serviços educativos, e em que o principal desafio está agora na constituição formal desta rede.

 

Na sessão da tarde, o 3º painel que contou com a moderação de Luísa Alvim, trouxe-nos cinco intervenções ligadas à utilização da tecnologia digital. Rosário Salema e Vera Mariz apresentaram-nos dois exemplos da utilização da tecnologia digital para as boas práticas na gestão da informação: o Az Infinitum – sistema de referência e indexação de azulejo e o Orion – art collections and collectors in Portugal, dois exemplos de informação integrada com o cruzamento de dados de diferentes projetos. João Machado apresentou o projeto Famalicão ID 2.0, no que diz respeito à gestão de procedimentos e à partilha de recursos quanto à sua implementação.

 

Na intervenção dedicada à Gestão e acessibilidade de dados de coleções de história natural do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Luís Filipe Lopes contextualizou as coleções apresentou-nos os elementos quanto ao modelo de dados utilizado, o controlo de qualidade e o enriquecimento de dados e o contributo que a ciência cidadã pode trazer, assim como as plataformas utilizadas para a acessibilidade e disponibilização da informação a todos os públicos interessados.

 

Francisco Rodrigues refletiu sobre o Museu processual – uma abordagem à utilização das TIC e de que forma a utilização das tecnologias de informação e comunicação poderá potenciar as funções museológicas tornando-as geradoras de processos museológicos.

 

Por último, Alexandre Matos fez uma apresentação sobre o projeto Mu.SA e as novas competências para os museus do futuro, que se foca no papel do digital nos museus. No caso português existem vários pontos críticos tais como um subdesenvolvimento na digitalização de coleções, um uso limitado de plataformas digitais ou ainda a falta de competências digitais e de formação, competências essas que este projeto visa promover.

 

As comunicações apresentadas e o debate subsequente trouxeram à discussão alguns conceitos que foram transversais a todas as intervenções: Normalizar, Avaliar, Colaborar e Disseminar e que são as ideias chave que poderemos apontar como as principais conclusões:

 

Normalizar, Avaliar, Colaborar e Disseminar

  • Normalizar

A normalização deve ser encarada como um facilitador na gestão de informação e não como um elemento uniformizador. Normalizar procedimentos, modelos de dados e terminologias garante a eficácia das ações e da recuperação da informação nas instituições de memória. A normalização deve acompanhar as melhores práticas internacionais neste âmbito, procurando sempre soluções testadas e comprovadas que possam adaptar-se às especificidades de cada entidade.

  • Avaliar

A avaliação da gestão de informação nas instituições de memória é fundamental para a otimização dos processos internos mas também para a qualidade dos serviços prestados aos utilizadores externos. A avaliação permite uma análise sustentada sobre a forma como a informação é gerida e utilizada, contribuindo para uma melhoria contínua das infraestruturas de informação dos serviços nelas baseados.

  • Colaborar

O trabalho colaborativo nas gestão de informação constitui-se como uma das grandes mais-valias nas instituições de memória. Muitas vezes consequência da escassez de recursos e assumida em redes informais, a colaboração entre profissionais contribui para uma melhor gestão integrada de recursos. O alargamento das plataformas colaborativas às comunidades em que as instituições de memória se inserem também concorre para uma maior eficácia na ação, fundada no sentimento de identidade e pertença.

  • Disseminar

As instituições de memória devem assumir um papel ativo na disseminação do conhecimento gerado pelo acervo de informação que custodiam. A disseminação deve ser pautada pelos princípios da acessibilidade e permitir a reutilização de conteúdos como forma de democratizar o acesso à informação e a participação cidadã. A gestão de informação deve assim ser entendida como uma ferramenta para o cumprimento deste objetivo, na percussão da utilidade social das instituições de memória.

Ao guiarmos a nossa ação como profissionais de informação por estes princípios certamente contribuiremos para as boas práticas na gestão da informação nas instituições de memória onde trabalhamos. Estaremos, também certamente, a honrar a memória de Maria José Moura na afirmação do profissionalismo e da qualidade ao serviço de todos.