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RESUMOS

 


O sistema de gestão da qualidade aplicado ao Museu do ISEP

Patrícia Costa

Coordenadora Principal da Divisão de Documentação e Cultura

Instituto Superior de Engenharia do Porto

 

O Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) assume-se como comunidade socialmente responsável, promovendo politicas que visam a excelência das suas atividades, em particular nas áreas de formação, de investigação e transferência aplicada de tecnologia e do saber.

Com a certificação da Escola no âmbito da Norma ISO 9001, em 2011 o Museu do ISEP teve que elaborar um sistema documental (procedimentos, instruções de trabalho e impressos), tendo como base a sua missão “Reunir, em benefício da comunidade, bens culturais, materiais e imateriais, representativos da evolução do ensino industrial, destacando o seu contributo para o desenvolvimento nacional”.

O objetivo foi regulamentar todo o seu funcionamento, de forma a definir metodologias de acesso ao acervo por parte dos utilizadores e as principais atividades internas desenvolvidas, assegurando assim a divulgação do património cultural e científico que tem à sua guarda.

Toda a atividade está sistematizada num descritivo de processo, onde estão indicadas as entradas (inputs), atividades, as saídas (outputs), objetivos, procedimentos/documentos aplicáveis, atividades e a motorização/medição através de vários indicadores.

Lembramos que para além da atividade museológica, estão inseridos nestes documentos toda a atividade desenvolvida no arquivo histórico e no acervo bibliográfico antigo, ambos sob tutela do museu.

A implementação de um sistema de gestão da qualidade num museu, implicará sempre uma mudança de mentalidades e de cultura institucional, mas contribuirá para uma gestão mais eficaz de bens culturais, para a melhoria continua do serviço prestado e para a satisfação das partes interessadas.

 


Se há, compra-se feito: recursos e ferramentas para a gestão de informação nas instituições de memória

Maria José de Almeida

Direção – Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas

 

A gestão de informação nas instituições de memória portuguesas coloca uma série de desafios que muitas vezes são abordados de forma casuística por equipas empenhadas com meios e capacidades técnicas muito diferentes entre si. Isto resulta numa heterogeneidade de soluções que compromete a interoperabilidade e a possibilidade de recuperação de informação tratada entidades distintas mas que partilham, frequentemente, objetivos comuns. Por outro lado, o investimento em soluções “à medida” pode representar um esforço desnecessário de recursos humanos e materiais em instituições cronicamente subdimensionadas.

Apresentam-se alguns recursos e ferramentas de acesso aberto que se encontram à disposição da comunidade e que podem contribuir para uma gestão mais eficaz da informação custodiada por instituições de memória, esperando contribuir para a melhoria das boas práticas no sentido do cumprimento dos princípios FAIR (findability, accessibility, interoperability, and reusability). 

 


A Rede de Bibliotecas da Direção Geral do Património Cultural: breve apresentação

Fernanda Torquato

Coordenadora da Área de Bibliotecas e Arquivos da DGPC

 

A criação da Rede de Bibliotecas da DGPC é uma opção estratégica tomada em 2013, no sentido de melhor articular os acervos existentes no universo global dos serviços centrais e dependentes, maximizando as potencialidades criadas pela revolução digital e construindo uma oferta mais eficiente para os potenciais utilizadores, internos e externos, desses acervos, sem colocar em causa a sua especificidade e autonomia, no quadro dos referidos serviços.

A realização de um inquérito circunstanciado, destinado aos diretores dos serviços, permitiu obter uma primeira visão de conjunto das 25 bibliotecas que integram hoje a Rede, caracterizando potencialidades (de acervos e recursos humanos e técnicos) e problemas (de recursos humanos, técnicos e financeiros), ao mesmo tempo que revelou um conjunto globalmente de grande relevância cultural, científica e patrimonial, porém dominado pela orientação para utentes internos à instituição e sem homogeneidade de procedimentos na gestão dos acervos.

São referidas as origens da criação da Rede de Bibliotecas até ao início da sua implementação, o seu posterior desenvolvimento através da implementação efetiva da Rede e, finalmente, as perspetivas futuras que se lhe abrem. Destaca-se a importância do sistema único de catalogação, como instrumento de articulação das diversas bibliotecas, favorecendo uma lógica de sinergias e uma maior qualidade nos serviços prestados.

 


Museus Municipais de Viseu: desafios para a constituição formal de uma rede

Sandra Alves

Município de Viseu, Divisão de Cultura e Turismo |Museus Municipais

 

Museus Municipais de Viseu: guardiões de memórias e identidades, onde o tempo e o espaço se tocam e entrelaçam, onde se ensina e aprende, onde as peças contam histórias, onde se descobrem referências identitárias.

Ainda que a rede não se encontre formalmente instituída, importa refletir sobre as boas práticas existentes, nomeadamente na colaboração participativa entre diversos profissionais que integram os Museus Municipais e o próprio Município de Viseu, além da importância dos sistemas de informação, crucial para uma gestão eficaz. 

  


A investigação em História da Arte e a documentação em museus: uma impressão digital

Rosário Salema de Carvalho

Az – Rede de Investigação em Azulejo,

ARTIS – Instituto de História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa

Vera Mariz

ARTIS – Instituto de História da Arte, Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa

 

Tendo como principal objectivo reflectir sobre o diálogo que se estabelece entre a documentação em museus e a investigação em história da arte, privilegiando o actual contexto digital, a presente comunicação divide-se em duas partes.

Numa fase inicial, partindo de casos específicos, apresentam-se de forma sumária dois projectos de história da arte digital desenvolvidos no âmbito do ARTIS – Instituto de História da Arte (FLUL): o Az Infinitum – Sistema de Referência e Indexação de Azulejo, que tem como principal missão o estudo da azulejaria produzida ou aplicada em Portugal e o ORION – Art Collections and Collectors in Portugal, sobre colecções de arte e coleccionadores, tanto portugueses como estrangeiros com ligações a Portugal. 

A seguir, e tomando como exemplo as peças anteriormente expostas, procurar-se-á reflectir sobre a catalogação das mesmas destacando a importância da investigação e, sobretudo, da sua inclusão em contextos mais vastos, potenciando leituras de zoom in e zoom out motivadas pela utilização de ferramentas digitais que tiram partido, entre outras, de diferentes possibilidades de análise e visualização de dados. A complementaridade entre a documentação produzida em museus e no contexto de projectos orientados para a investigação é evidente. Todavia, para que essa complementaridade seja efectiva e produza resultados é fundamental a comunicação entre ambos (a nível humano e de máquinas), assente em boas práticas de gestão de informação. Assim, e aproveitando a reunião de profissionais de diferentes áreas, a comunicação termina com a identificação de alguns problemas observados neste campo e a discussão de possíveis soluções, lançando desafios que permitam estreitar e potenciar o diálogo entre os museus e a investigação.

 


O FAMALICÃO ID 2.0 e a Gestão Integrada da Informação: “Não Se Fazem Omeletas Sem Ovos?!”

João Machado

Técnico Superior. Coordenador do Gabinete do Património Cultural da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão

 

O FAMALICÃO ID é um projeto lançado em 2014 pelo Município de Vila Nova de Famalicão (em parceria com a empresa Sistemas do Futuro – Multimédia, Gestão e Arte, Lda.), que tem por missão dar a conhecer os diversos aspetos da memória, cultura e identidade locais (área administrativa do concelho de Vila Nova de Famalicão), como forma de despertar e reforçar a identidade do concelho e, por inerência, dos famalicenses. Recentemente (a 26 de Setembro do presente ano), o projeto foi relançado numa versão alargada – o FAMALICÃO ID 2.0. O desenvolvimento desta plataforma teve por base um conceito relativamente simples, mas com uma elevada complexidade ao nível da gestão da informação. A construção desta plataforma seria possível sem uma estrutura de dados consolidada e potenciada tecnologicamente por uma boa ferramenta de gestão?!

 


Gestão e acessibilidade de dados de coleções de história natural do Museu Nacional de História Natural e da Ciência

Luis Filipe Lopes

Global Health and Tropical Medicine, GHTM, Instituto de Higiene e Medicina Tropical, IHMT, Universidade Nova de Lisboa, UNL, Rua da Junqueira 100, 1349-008 Lisboa, Portugal

Centre for Ecology, Evolution and Environmental Changes (cE3c). Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Campo Grande 1749-016 Lisboa, Portugal

 

As coleções de história natural (CHN) são uma importante infraestrutura de investigação com o objetivo primário de catalogar e estudar a biodiversidade. Estas coleções apresentam também um alto valor educativo, no desenvolvimento de exposições e outras atividades de comunicação de ciência. Para que as CHN possam cumprir os seus objetivos e ter um elevado nível de acessibilidade, é essencial que os espécimes aí preservados e os dados associados sejam digitalizados e publicados em repositórios digitais online que sejam publicamente acessíveis.

No âmbito do Museu Nacional de História Natural e da Ciência, tem havido uma forte aposta na digitalização e acessibilidade das CHN, e dos dados a estas associados, que têm sido disponibilizados em diversas plataformas digitais, tais como o Global Biodiversity Information Facility (GBIF – www.gbif.org) e o repositório institucional MUHNAC Digital (http://digital.museus.ul.pt).  

No GBIF, o museu apresenta atualmente mais de 70 mil registos publicados, correspondendo a dados de ocorrência das coleções de história natural. O MUHNAC Digital tem como objetivo centralizar e gerir recursos digitais produzidos pelo museu, sobretudo em programas de digitalização, e contém atualmente perto de 3 mil itens publicados em 61 coleções.

 


Museu processual – uma abordagem à utilização das TIC

Francisco Amado Rodrigues

Coronel de Cavalaria/Exército  

Mestre em Museologia e Museografia (2005)

Diretor da Biblioteca e da Coleção Visitável da Academia Militar (2016)

 

O conceito de museu, plasmado na lei quadro dos museus portugueses de 19 de agosto de 2004 e atualmente em modo de revisão, identifica na sua génese as sete funções museológicas, como centralidade da atividade museológica.

Não estando em causa o “museu funcional”, a abordar de forma sistémica e circularidade das sete funções museológicas, contudo urge colocar algumas questões que, subordinadas ao tema desta 3ª Conferência, consideram-se pertinentes e importantes: 

(1) Será possível implementar o  “museu processual”, em avanço ao “museu funcional”, sob as infinitas potencialidades que as TIC possibilitam, mesmo com as devidas medidas ativas e passivas de segurança informacional?

(2) Em que medida poderá ser realizado esse avanço, na gestão de processos museológicos, pelo uso das TIC?

(3) Quais poderão ser as atividades museológicas a identificar e que configurem um processo museológico?

Um museu, para além da sua missão, estrutura organizacional, normas e recursos, é também processual, pelo que a utilização adequada das TIC na gestão de processos museológicos carece de uma discussão alargada, sob o contexto de profissionais de museus, a fim de se identificar e consolidar aquelas atividades que configurem um processo museológico e justifiquem igualmente o “museu processual”, a incluir desejavelmente no futuro conceito de museu.

E como se poderá implementar o “museu processual”, pela utilização das TIC?

À circularidade das sete funções museológicas, praticada por especialistas funcionais, propõe-se a transversalidade dos processos museológicos, pela utilização das TIC, em rede integrada, sob normas de gestão comuns a toda a estrutura organizacional, a fim de se obter eficácia e eficiência dos recursos, eliminar ou reduzir tempo e ruídos inúteis, impedir a ocultação, parcial ou total, de informação necessária e útil e conferir a interdependência processual!

 


Novas competências para os Museus do futuro: o projecto Mu.SA

Alexandre Matos

Gestor do Projecto Mu.SA / ICOM Portugal

Ana Carvalho

Museóloga e investigadora

 

O projeto “Mu.SA: Museum Sector Alliance” pretende abordar a crescente desconexão entre a formação e educação não formal e o mundo laboral, devido à emergência de novos papéis profissionais, decorrente do ritmo acelerado de adoção das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC/ICT) no setor dos museus. Como tal, procura abordar diretamente a escassez de competências digitais e transferíveis identificadas no setor dos museus e propor novos conteúdos e programas de formação que possam ajudar na aquisição das competências necessárias para os profissionais de museus enfrentarem os desafios trazidos pela transformação digital em curso. Nesta comunicação procuramos mostrar as diferentes fases do projeto, os resultados conseguidos e os desafios que o consórcio enfrentou ao longo dos últimos três anos, através da perspectiva do ICOM Portugal.