Oradores Convidados

Helena Marujo

Professora Associada no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa

 

Título

Esperança coletiva e construção da paz: forças motrizes do futuro

 

Resumo

Como se vai para o futuro sem esperança? E como se tem esperança sem vivermos e praticarmos a paz? Nesta comunicação partilharemos resultados de um investigação nacional, porém enquadrada num estudo internacional, realizada anualmente na área da esperança coletiva e da promoção da paz em 12 países de vários continentes, o Barómetro da Esperança, e onde se identificou o forte desejo universal de viver em comunidades humanas sustentáveis, harmoniosas, justas, saudáveis, inclusivas, colaborativas e que realizem os potenciais humanos na sua plenitude. Partilharemos também resultados que mostram o total descrédito dos atuais cidadãos de que possamos vir a viver esse ideal. Perante este fosso entre o desejado e o credível, como encorajar e apoiar as pessoas “esperançar” e a não esmorecer essa visão confiante num melhor futuro comum, para transcendermos juntos de forma efetiva os atuais medos e desassossegos quanto ao devir, que nos adoecem e bloqueiam, e contribuirmos para a realização daquelas Esperanças de futuro positivo para o coletivo? Para tal, daremos exemplos de movimentos e gestos que têm reunido as pessoas em ações e relações profícuas, utilizando as suas forças particulares na construção de comunidades, iniciativas e instituições contributivas para a esperança social. Ao fazê- lo, não só construímos um futuro melhor, sabendo para onde e como queremos ir, como também melhoraremos o nosso bem-estar pessoal e social no aqui e agora, fortalecendo a paz – essa pérola que sabemos tão frágil e que, portanto, precisa ser acarinhada incessantemente.

 

Biografia

Doutorada em Psicologia (Psicoterapia e Aconselhamento Educacional) pela Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Professora Associada no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, onde exerce os cargos de Coordenadora Científica da Pós-graduação em Psicologia Positiva Aplicada e onde é investigadora integrada do Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP). Coordenadora da Cátedra UNESCO em Educação para a Paz Global Sustentável da Universidade de Lisboa. Membro do Conselho Consultivo da International Positive Psychology Association e da Direção da European Network of Positive Psychology. Autora de várias obras científicas e de divulgação da ciência, teve como publicações mais recentes, em Língua Portuguesa, e em coautoria, o livro “Humanizar as Organizações: Novos Sentidos para a Gestão de Pessoas” (2019) da Editora RH e, na Editora Pactor/ISCSP, o livro “Educação para a Paz Global Sustentável: Complexidades e Contributos.” (2022).

Anne Gilliland

Professora e Diretora do Center for Information as Evidence, da Universidade da Califórnia, Los Angeles

 

Título

Societal in scale and translocal in conception: Can the information and documentation professions rise to the challenge?

 

Resumo

Muitos dos desafios mais abrangentes e complexos que a sociedade enfrenta atualmente – incluindo as alterações climáticas, as pandemias globais, as migrações em massa, a deterioração das democracias e os conflitos interétnicos que visam, cada vez mais diretamente, as instituições, sistemas e sítios web relativos à informação e ao património – têm problemas de informação e contestação no seu núcleo. No entanto, as profissões de informação e documentação têm sido lentas no sentido de assumir os papéis e responsabilidades necessários para levar a cabo ações sistemáticas, éticas e de investigação, que são tão societais em escala quanto translocais na sua conceção. Esta apresentação irá utilizar uma série de exemplos para desafiar o público a ter em linha de conta três questões-chave: Já é tarde demais para o fazer? Se ainda não é tarde, quais as ações que essas profissões devem tomar e como devem os profissionais ser preparados nesse sentido?

 

Biografia

Anne Gilliland é Professora e Diretora do Centro de Informação como Evidência, da Universidade da California, Los Angeles (UCLA) School of Education & Information Studies, faz parte do corpo docente dos Centros de Humanidades Digitais da UCLA, Estudos Europeus e Russos, e para o Estudo da Migração Internacional, bem como do Instituto Promessa de Direitos Humanos da UCLA Law School. É bolseira da Sociedade de Arquivistas Americanos e tem recebido inúmeros prémios relativos a estudos na área dos arquivos e da informação pela sua liderança na educação arquivística e conhecimentos em contexto translocal, internacional e tecnológico.

Richard Ovenden

Diretor das Bodleian Libraries da Universidade de Oxford

 

Título

Knowledge is under attack: Why Society needs Libraries and Archives

 

Resumo

Nos últimos 5.000 anos, a preservação e o acesso ao conhecimento foram desenvolvidos por bibliotecas e arquivos. No mesmo período, essas instituições foram, também, sujeitas a agressões de vária ordem. A sessão abordará algumas das principais motivações para a destruição deliberada do conhecimento e articulará o valor que as bibliotecas e os arquivos trazem para a sociedade através do seu papel na proteção do conhecimento.

 

Biografia

Richard Ovenden é bibliotecário das Bodleian Libraries desde 2014. Anteriormente, ocupou cargos na Biblioteca da Universidade de Durham, na Biblioteca da Câmara dos Lordes, na Biblioteca Nacional da Escócia e na Universidade de Edimburgo. Mudou para as Bibliotecas Bodleian em 2003 como Conservador de Special Collections, tornando-se vice-bibliotecário em 2011. Formado pela Universidade de Durham e pelo University College London, é professor no Balliol College, em Oxford. É membro da Sociedade de Antiquaries, Royal Society of Arts, e membro da American Philosophical Society. É membro do Grolier Club (Nova Iorque) e do Roxburghe Club.

Richard é Tesoureiro do Consórcio de Bibliotecas Europeias de Investigação, Presidente da Digital Preservation Coalition, e membro do Conselho sobre Bibliotecas e Recursos de Informação (em Washington, DC). É membro do Conselho Consultivo Académico do Deutsches Literaturarchiv (Marbach). Também é membro do Comité de Bibliotecas da Aliança Internacional de Universidades de Investigação e do Grupo de Política de Informação e Acesso Aberto da Liga das Universidades Europeias de Investigação.

É presidente do Grupo de Implementação das Bibliotecas de Depósitos Jurídicos e membro do Comité de Bibliotecas de Depósitos Jurídicos, da Agência para as Bibliotecas de Depósitos Jurídicos e do Comité Conjunto de Depósitos Jurídicos.

Tem escrito extensivamente sobre preocupações profissionais na área das bibliotecas e gestão da informação e sobre a história da fotografia, tendo publicado a obra Burning the Books: a History of Knowledge Under Attacks, história que descreve a destruição deliberada do conhecimento.

Foi-lhe atribuída a Ordem do Império Britânico (OBE) no âmbito das The Queen’s Birthday Honours, em 2019.

Stephen Pinfield

Professor de Gestão de Serviços de Informação na Universidade de Sheffield, Reino Unido; Diretor Associado do Research on Research Institute

 

Título

Library Services: From Automation to Transformation

 

Resumo

As bibliotecas adotaram entusiasticamente as tecnologias digitais nos seus processos e serviços. No entanto, muito desta ação constituiu “automação” – conversão de abordagens e conteúdos pré-existentes num formato digital. Cada vez mais, e à medida que o contexto da informação muda, as bibliotecas devem envolver-se na “transformação” e não apenas na “automação”. Esta apresentação identifica alguns dos principais aspectos do panorama da informação em constante mudança, com cada vez mais conteúdo digital e datificado, tornado acessível, e acedido nos ambientes online dos utilizadores via ferramentas de IA, orientadas por algoritmos. Abordar estes desafios exigirá repensar radicalmente os serviços que as bibliotecas oferecem, e os papéis desempenhados pelos profissionais da informação e das bibliotecas.

 

 

Biografia

Stephen Pinfield é Professor de Gestão de Serviços de Informação na Universidade de Sheffield, Reino Unido e Diretor Associado do Research on Research Institute. Tem um interesse particular em Comunicação Académica, Ciência Aberta, Gestão de Dados de Investigação e em Políticas de Investigação. Tem um forte envolvimento e presença no desenvolvimento de políticas nacionais e internacionais, e na criação de sistemas e serviços para apoiar a Ciência Aberta. Foi diretor fundador do Sherpa, uma iniciativa de apoio a práticas abertas, em 2002. Tendo desempenhado funções como bibliotecário de 1991 a 2012, foi, mais tarde, Diretor de Informação da Universidade de Nottingham, onde coordenava os serviços de biblioteca e de TI.

Óscar Arroyo Ortega

Chefe do Serviço do Livro, Arquivos e Bibliotecas. Governo de Castilla-La Mancha, Espanha

 

Título

Redes regionales de bibliotecas públicas: el modelo de Castilla-La Mancha

 

Resumo

A comunicação apresenta o modelo da Rede de Bibliotecas Públicas de Castilla-La Mancha (Espanha), uma região do interior com um modesto nível económico e grandes áreas despovoadas, mas que, há anos, é uma das regiões espanholas de maior destaque no investimento, em número de bibliotecas por habitante e em qualidade de serviços. Apresenta-se o modelo organizativo, o planeamento dos serviços, o financiamento conjunto entre as administrações regional e local e o apoio técnico oferecido por uma rede de bibliotecas que ultrapassa os 450 centros estruturados ao abrigo de um regulamento de funcionamento comum e um conjunto de serviços bibliotecários centralizados em rede. A partir do quadro teórico do desenho da Rede e do seu funcionamento prático, propõem-se diferentes marcos e elementos essenciais, válidos noutros territórios, que permitem a implementação do modelo noutras regiões.

 

Biografia

Bibliotecário há 25 anos, desde 2011 é Chefe do Serviço do Livro, Arquivos e Bibliotecas da região de Castilla-La Mancha (Espanha), sendo responsável técnico da Rede de Bibliotecas Públicas da região, que integra mais de 450 bibliotecas públicas e bibliotecas móveis. Faz parte de diferentes foros técnicos a nível estatal espanhol como o Conselho de Cooperação Bibliotecária (CCB) onde atualmente faz parte do Grupo de Trabalho do Plano de Atenção Especial ao Mundo Rural.

É autor de vários artigos e estudos relacionados com a regulamentação legal e ordenamento do território das bibliotecas públicas. Entre os mais recentes, destaca-se o estudo Universalizar los servicios bibliotecarios públicos en España, publicado em 2021 pela FESABID, e apresentado no Senado espanhol.

Lindsay Matts-Benson

Teaching and Learning Program Lead University Libraries. University of Minnesota

 

Título

The social responsibility of Information literacy – librarians as leaders in the information society

 

Resumo

Literacia da Informação é um direito humano fundamental. Não se pode existir na sociedade de hoje sem interagir com os vários cenários que a informação nos apresenta. A desinformação está em todo o lado. Os algoritmos tornam-se mais maliciosos todos os dias. Os indivíduos distribuem e difundem informações, muitas vezes sem entender o impacto de suas decisões. Todos os membros da sociedade são responsáveis pela compreensão dos sistemas de informação que utilizam. Como é que podemos encorajar as nossas comunidades a não só estarem conscientes, mas também a preocuparem-se com esta realidade? Como podemos capacitar as nossas comunidades a serem bem-sucedidas num cenário de informação em mudança? Como aumentar a tomada de consciência nas nossas comunidades abordando, ao mesmo tempo, as desigualdades sociais? Os bibliotecários podem inspirar um novo tipo de liderança nesta área se formos capazes de dar a olhar criticamente os nossos valores e práticas profissionais. Para que a responsabilidade social seja a base da literacia da informação, é preciso saber incorporar a pedagogia do cuidado e da empatia no nosso trabalho. Ao liderar com práticas inclusivas, podemos incentivar a participação aberta e informada dos cidadãos no panorama da informação.

 

Biografia

Lindsay Matts-Benson lidera o Programa de Ensino e Aprendizagem das Bibliotecas da Universidade de Minnesota, onde, com a sua equipa, contribui para a melhoria das práticas de ensino através do desenvolvimento de curricula relacionados com os conceitos básicos de Literacia da Informação. O seu trabalho consiste, essencialmente, em ajudar os alunos a esclarecer os seus equívocos relacionados com o uso, pesquisa e avaliação da informação de modo a poderem tornar-se investigadores mais eficazes.

Para além disso, Lindsay colabora como designer na construção curricular e é apresentadora no workshop da ACRL “Engaging with the ACRL Framework.”

Lindsay é bacharel em Estudos de Comunicação e Sociologia pela Concordia College (Moorhead, MN, EUA), possui um mestrado em Biblioteca e Ciência da Informação pela Universidade Dominicana (River Forest, IL, EUA) e um Mestrado em Tecnologia de Aprendizagem pela Universidade de St. Thomas (Minneapolis, MN, EUA).

Giuseppe Vitiello

Director, EBLIDA – European Bureau of Library, Information and Documentation Associations

 

Título

Apesar de um contexto destrutivo, um ar fresco para as bibliotecas europeias

 

Resumo

Um novo vento sopra nas bibliotecas e vai na direção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Dois instrumentos jurídicos atribuem aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável um papel central no desenvolvimento de bibliotecas. Os dois instrumentos são a “Recomendação do Conselho da Europa/EBLIDA sobre Legislação e Política Bibliotecária na Europa” e o “Plano de Trabalho da UE para a Cultura 2023-2026”, aprovado pelo Conselho Europeu em Novembro do ano passado. O Plano de Trabalho inclui uma ação prioritária sobre as bibliotecas: “Construir Pontes: reforçar os múltiplos papéis das bibliotecas como portas de entrada e divulgadores de obras, competências e valores culturais europeus”.

O papel da EBLIDA é informar, inspirar, conectar. A EBLIDA informa regularmente os seus membros sobre a Agenda 2030 através de relatórios regulares sobre Desenvolvimento Sustentável e bibliotecas europeias. A Matriz EBLIDA é uma ferramenta onde projetos pioneiros selecionados, por associações de bibliotecas, inspiram as bibliotecas europeias. Através de uma ferramenta de correspondência da PartNErship Matching, E-PANEMA, a EBLIDA conecta as bibliotecas facilitando parcerias e promovendo as melhores práticas. É a razão pela qual tanto o Conselho da Europa como a Comissão Europeia participam na Conferência Anual EBLIDA, no Luxemburgo (18-19 de Abril de 2023), com o objetivo de divulgar as suas políticas e ouvir os profissionais de bibliotecas.

 

Biografia

Giuseppe Vitiello é Diretor da EBLIDA desde 2019. De 1989 a 2018 atuou como Chefe de Unidade, Conselheiro de Programa e Especialista em várias organizações internacionais: Comissão Europeia, Conselho da Europa, Centro Internacional ISSN, EU-ISS e Colégio de Defesa da NATO. No início de sua carreira, foi Diretor de R&D da Biblioteca Nacional de Florença e lecionou nas Universidades de Orléans e Toulouse. Ocupou cargos de professor visitante na Hochschule der Medien em Stuttgart e na Universidade de Veneza.
Possui um mestrado em Ciência Política – Relações Internacionais, é pós-graduado em História (Paris, E.H.ES.S.) e em Biblioteconomia (Escola de Administração, Roma). Autor de seis livros e mais de cem artigos em Biblioteconomia e Ciência da Informação e História da Cultura.

Ragnar Audunson

Professor da Faculdade de Ciências Sociais. Departamento de Arquivística, Biblioteconomia e Ciência da Informação, Universidade Metropolitana de Oslo

 

Título

The Revival of Public Enlightenment: Libraries, Archives and Museums as Agents of Enlightenment and Democracy in a Digital Age

 

Resumo

As Bibliotecas, os arquivos e os museus tinham a sua legitimidade enraizada no reconhecimento do seu papel como agentes de esclarecimento público. Está este papel ultrapassado numa era de educação em massa e acesso digital à informação ou continua a ser relevante e confere legitimidade às bibliotecas, arquivos e museus como instituições do saber? Nesta sessão serão discutidos os desafios que a digitalização coloca à sociedade no que diz respeito à democracia e ao esclarecimento, assim como a forma como esses desafios afetam o papel das bibliotecas, dos arquivos e dos museus.

 

Biografia

Ragnar Audunson é professor de Biblioteconomia e Ciência da Informação na Universidade Metropolitana de Oslo. Atualmente, é investigador ativo no projeto POLYCUL, estudando as várias dinâmicas na área das políticas culturais — um projeto de ciência política da Universidade de Oslo com uma dissertação que visa analisar processos de mudança nas bibliotecas públicas. Em janeiro de 2023 foi nomeado doutor honorário — Doutor Honoris Causa — na Universidade de Uppsala, Suécia.

Pesquisou e publicou extensamente sobre o papel social das bibliotecas. De 2007 a 2012 liderou o projeto PLACE (Public Libraries Arenas for Citizenship) financiado pelo Conselho Norueguês de Investigação e, entre 2016 e 2020, liderou o projeto ALMPUB (Arquivos, Bibliotecas e Museus como Instituições de Esfera Pública na Era Digital) também financiado pelo Conselho Norueguês de Investigação — um projeto com parceiros de seis países europeus. Participou ativamente no projeto LAM C3, analisando a potencial convergência entre bibliotecas, arquivos e museus na era digital. Foi presidente da EUCLID — European Association for Library and Information Science Research and Education de 2002 a 2008, tendo sido, também, o presidente do Comité Permanente para a Investigação em Bibliotecas da IFLA (IFLA Standing Committee for Library Research).

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